quinta-feira, 19 de maio de 2011

Ousar lutar! Ousar vencer!


Carliendell Magalhães*

A aspiração de ter uma educação pública, gratuita e de qualidade é o que alimenta sonhos e constrói a luta do Movimento Estudantil Nacional. Aqui no Amapá não é diferente! À margem esquerda do grande rio nossos sonhos não se diferenciam do que pensa o conjunto do M.E. Nesse sentido, reconhecemos o valoroso processo de contestação da “ordem” estabelecida por qual passa a Universidade Federal do Amapá nesse último período, protagonizado pelo Movimento Estudantil. O descontentamento com os rumos da educação brasileira, refletido diretamente nas nossas atuais condições de estudo e permanência dentro da instituição, mobilizou e está mobilizando centenas de estudantes que acreditam em sua capacidade de reverter esse quadro.

Para tanto, precisamos compreender como, com apenas vinte anos de existência, a UNIFAP pode configurar-se hoje como uma das menores universidades federais do país e já apresentar – e chega a ser espantoso pensar nisso – problemas comuns a grandes centros universitários do país; problemas estes que vão desde o mais simples (como a falta de cadeiras em sala de aula) até os mais complexos (como a adesão ao novo ENEM, por exemplo). A sobreposição desses problemas nos trouxe ao atual cenário. Uma universidade pequena querendo crescer a qualquer custo. Nesse ponto, vale ressaltar que o crescimento não é o problema, pelo contrário, ele é a meta a ser galgada, mas, sobretudo, com responsabilidade. De tal modo, deve ficar muito claro que a postura do Movimento Estudantil não é anti-progressista, de apego à estagnação ou qualquer coisa parecida e, portanto qualquer argumento raso nesse sentido significa minimização de um debate que, a nosso ver é bem mais amplo, pois se trata de um debate de concepção: qual modelo de universidade queremos?

Tal debate tem sido pautado na ordem do dia pelos movimentos sociais da universidade (DCE e sindicatos). Os três grandes momentos – o ato público do dia 16 de maio, a audiência pública com o Reitor e a paralisação geral de docentes, técnicos e professores, ambos nesse mês, nos dias 04 e 11, respectivamente – denotam a extrema carência de diálogo entre a administração da UNIFAP e seus representados, e mais do que isso, assinalam a preocupação dos segmentos que compõem a comunidade acadêmica em discutir democraticamente os rumos da instituição, preocupação esta que notoriamente não é compartilhada pelo(s) gestor(es) da IFES em questão, que, em todos esses espaços, não fez/fizeram outra coisa senão negar a legitimidade das pautas e das representações de categoria. O desrespeito à comunidade acadêmica e o descompromisso com o amplo debate em todas as instâncias é o que mais espanta e fere o universalismo de idéias que deveria reinar dentro do ambiente acadêmico.

Ademais, diante de todo o processo que hoje vivemos dentro da UNIFAP e também diante de todos os acenos negativos dados por sua instância administrativa, cabe, unicamente, estampar que: não há, da parte da atual gestão da universidade, preocupação com o bem estar da comunidade acadêmica e da sociedade pra além dos muros da instituição. Considerando que não será oferecendo formação acadêmica sem qualidade que vamos capacitar profissionais capazes de mudar a realidade social, não será transformando a universidade pública em um “escolão de terceiro grau” que vamos garantir o acesso à educação pública, gratuita e de qualidade, como nos garante a constituição. E é bem verdade também que não será, acima de tudo, com autoritarismo que a universidade avançará em todos os aspectos.



*Acadêmico do curso de licenciatura plena e bacharelado em Geografia da UNIFAP, coordenador geral do DCE/UNIFAP e membro titular do Conselho Universitário - CONSU.

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